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ARTISTAS

Cristina Filipe

PORTUGAL
 

"Em 1991, a peça “Coisa (para usar presa à roupa)", um quadrado com 4 x 4 cm, em ferro, gravado com a frase: "isto é uma jóia" afirmava – de modo minimal e concreto – que um objecto pode ser denominado joia sempre que o autor assim o decidir e, sintetizava a problemática em torno da definição de joalharia contemporânea.

Era certamente uma afirmação e sublinhava a urgência de dar uma resposta clara à recorrente questão colocada pelo público: "– Isto é uma jóia?” durante e após o impacto dos trabalhos de joalharia produzidos pelos artistas emergentes contemporâneos que proliferaram desde os anos 60, na Europa e na América do Norte. Artistas cujo trabalho estava em sintonia com as mudanças que ocorriam no mundo das artes e na sociedade durante esse período. Trabalho que surpreendia pelas propostas inesperadas, conquistando novos territórios no campo da joalharia deixando o público com a questão: “– mas isto ainda é joalharia?

Manuel Castro Caldas escreveu sobre este assunto no ensaio “O novo corpo ornamentado”, publicado no catálogo da exposição “Isto é uma Jóia”, em 1999, cuja capa tem esta peça em questão.

“Se a pergunta:” o que é (afinal) uma jóia?” surge no âmbito de uma vertiginosa dissolução dos códigos culturais “locais” relativos à simbólica tradicional da ornamentação do corpo, ela faz-se por outro lado acompanhar de um acrescido interesse pela reinvenção dos protocolos desse mesmo corpo ornamentado. Aquilo a que chamamos jóia ultrapassa em muito o que pode ser abarcado por tradições (ainda há pouco eficazes) de sinalização de estatuto civico, classe ou contrato social, idade ou atitude face ao corpo organizado da sociedade.

Entre 1991 e 2001 manufacturei cerca de 350 peças em ferro de uma 1ª edição prevista de mil. Em 2015 decidi fazer uma 2a edição de 350 em alumínio gravado mecanicamente. Um tributo à primeira edição e um lembrete a uma problemática que ainda hoje se debate.Tanto na 1ª como na 2ª edição existe uma versão da mesma peça também em inglês."

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